quarta-feira, 11 de abril de 2012

A minha força está em saber que sou a força de outro alguém, talvez um salvador, um herói, um deus, um ponto forte do seu apoio. A minha satisfação está em saber que me supero pra ser melhor, que sou capaz de suprir todas as necessidades, superar as expectativas, ser a satisfação. E saber que posso trazer a felicidade do outro, aumentar o ego de quem amo, deixar tudo muito bem, me faz crescer e fazer o outro crescer, engrandecer. Te adorar e ser seu ser adorado, te fazer melhor pra me sentir melhor, ser forte pra ser sua fortaleza, ser indestrutível pra não deixar ninguém te destruir. Precise de mim, me peça, me ligue, me chame, deixe que eu cuide de tudo, me agradeça depois. De gratidão eu aceito amor, apenas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fechamento de um ciclo

Chorei, mas escorreu uma lágrima de cada olho. Já passou. Caí, mas já levantei. Doeu, mas já parou de doer. Corta um pedaço daqui, corta mais um pedaço de lá, cola, costura, conserta, remolda, respira, está tudo bem agora. Cinco tipos de cola pra consertar um pedaço de coração, ou mais, mas cola, sempre cola. Cicatriza, restitui, fica uma cicatriz bem bonita, nada escandaloso ou assustador, mas está ali pra contar uma história. Porque sempre há uma história pra cada machucado ou medalha. Histórias, sim, é isso que resume a vida. 
Não sei até quando vou viver e nem quero saber, não quero adiantar nada, mas só quero esclarecer que já aprendi muita coisa em pouco tempo. Coisas estas que muita gente não conseguiu aprender até o último segundo de vida. Dói pra aprender, mas é bom. Dei a cara pra bater, peguei a primeira roupa que apareceu e fui viver, adeus, é assim. Eu sei o quanto dói, mas não tenho medo da dor porque sei que passa, sempre passa. Eu vejo as pessoas com medo de viver, de aprender, de errar, de se arriscar, de amar, de acordar pra vida, de trocar os móveis de lugar, de bagunçar a casa, de desfazer a maquiagem, de não sair bem na foto, é ridículo. Nunca nada vai ser fácil, mas tudo o que for difícil, vai servir pra crescer e superar, sempre. Foi fácil aprender a escrever? Foi fácil aprender a andar de bicicleta? Foi fácil mudar de escola? Da mesma forma que não é fácil aprender as coisas da vida, também não foi fácil crescer, mas a gente cresce, a gente bate a cara, quebra uns ossos, cai, levanta e volta a andar, porque tem que ser assim. É realismo, é otimismo, é entender que ficando ali no chão, o que está de pé pode passar por cima. 
O pior de tudo é ver as pessoas falando mal do amor. Aliás, as pessoas nem pode falar mal de uma coisa que elas nem conhecem. A pessoa não tem nem amor próprio pra poder se dar valor, não pode amar outra pessoa. Você amando a si mesmo se tornará forte o suficiente pra superar qualquer amor não correspondido. Ninguém é obrigado a te amar, ninguém é obrigado a ser seu, mas você é obrigado a aprender isso. É muito drama pra pouca história. É muita gente apaixonadinha demais por qualquer coisa bonita que se apareça na frente. É muita flor onde só tem espinho. As pessoas sofrem porque se iludem, porque são idiotas o suficiente de estragar algo bonito e depois falar "eu não acredito mais nisso". Você tem que amar sim, tem que acreditar no amor, tem que ter piedade e compaixão com as pessoas, mas não pode ficar tirando os pés do chão. Não se apaixone. Não se apaixone porque é algo muito sem graça. Ame, ame mil vezes, mas não se apaixone. Se apaixonar é algo superficial, momentâneo, impulsivo, irracional, passa rápido. É melhor amar racionalmente  e se apaixonar aos poucos, várias e várias vezes do que despejar loucamente um impulso que passa rápido. 
Não desistir, foi isso que aprendi. Não desistir daquilo que acredita e de quem se ama. Às vezes as pessoas precisam de provas, de insistência e de alguém que não desista delas pra mostrá-las o quanto são especiais e têm o seu valor. Nunca fui do tipo de pessoa romanticamente idiota de acreditar e esperar que o meu amor viesse à cavalo, mas sempre fui do tipo de pessoa que queria conquistar o amor de alguém como se fosse um país e hastear ali a minha bandeira. Prefiro lutar, dar o sangue, é heróico, é bonito e não quero que façam nada por mim. Se realmente valer a pena, há uma recompensa pra todo o esforço, acredite. Tudo sempre é muito bem compensado. Se não der certo, parta, vá conquistar outras coisas, outras pessoas, mas acredite: Sempre tem o lado bom, você aprendeu a ser mais forte e resistente. Não há nada que possa te atingir se você não deixar. Não há mal, não há dor, não ofensa, não há desprezo que te vença quando você quer ser indestrutível. O mal só existe para que possamos enxergar e dar valor no bem. 
Não gosto de gente pessimista, mas também não gosto de gente que vive em um conto de fadas, cheio de romantismo e aquela coisa toda ridícula. Gosto de otimismo real e de gente que cai e levanta, não de quem faz drama e fica no chão.
Mas, tente, caía, levante, ria da queda e segue. Cante aquela música que te faz sorrir, levante uma mão e dance ao seu redor, deite na cama e olhe o teto. Medo é coisa de quem não deveria nem ter saído da barriga da mãe. A palavra é coragem. Coragem pra levar uns tapas na cara, tropeçar, cair e com isso tudo, sempre se superar. Um amor não deu certo, mas tudo bem, não era pra dar mesmo, porque o seu amor está te esperando e você nem sabe. Aquele seu amigo te traiu, mas foi só pra você ver o quanto ele não era seu amigo. Aquele emprego que não deu certo, não era pra dar, porque você merece coisa melhor. Aquilo tudo que deu errado até agora só serviu pra te fortificar pra dar valor no melhor que está por vir. E, olha, é melhor arriscar e tentar sempre do que ficar com medo e perder muita coisa. Pra tudo tem um jeito, uma reversão. A única coisa que não dá pra consertar é a morte. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Alarme

Escuta. Ouviu? Não, claro que não, se ouvisse te chamariam de doente. É um alarme que toca quando a gente percebe que aquele amor não vale a pena, que não vale tanto assim sofrer por algo que jamais será seu ou que já é de outro alguém. Ele demora pra soar, ou então soa e a gente nem escuta, ou se escuta finge, quer mostrar que está errado, mas não. Não escuta quem não quer e não desliga esse som infernal quem não quero também. Eu o ouvi. Na verdade, eu o ouvi desde o começo e avisei “Vou deixar pra lá”, mas não sei o que aconteceu. Quero dizer, eu sei, só que não sei porquê aconteceu. Você poderia ter evitado tudo isso, poderia nunca ter dito que amava se não não amasse, poderia nunca ter dito nada do que disse, poderia ter usado toda essa sua sinceridade que diz ter e poderia ter me deixado de lado antes de tudo virar um tudo mesmo. Porque agora, analisando tudo, eu me sinto mais um nada ainda. Eu sei, eu existo de alguma forma na sua cabeça, mas não no seu coração. Qualquer um no meu lugar te odiaria infinitamente, mas eu não. Só que tem um buraco aberto no meu coração que não vai fechar tão rápido e fácil como das outras vezes. Talvez minha dor se cure com o orgulho e o tempo, mas a cicatriz do machucado jamais vai desaparecer. Só que agora, como das outras vezes, com todas as outras pessoas, eu não vou demonstrar absolutamente nada do que eu realmente sinta. Posso mostrar carinho ou algo do tipo por alguém, mas nada além disso. Não vale tanto a pena demonstrar o que realmente sentem porque isso deixa a pessoa na segurança de que o outro vai estar sempre ali e este outro acaba se tornando uma opção reserva para todas as outras opções que falharam anteriormente. E, sinto muito, eu não sou opção e nem alternativa. Eu sinto, claro que sinto, mas vou manter todo o amor que ainda tenho completamente em mim. Ninguém deixa de amar ninguém assim, do dia pra noite, de uma semana pra outra; se alguém faz isso é porque realmente não amava. Não sei por quanto tempo ainda vou ter esse sentimento, mas ele ainda vai ficar aqui por um bom tempo. Eu estou bem, sempre estou bem, ou fingindo estar bem, ou chorando no chuveiro pra ninguém ouvir ou ver, ou rabiscando o caderno com as coisas que eu queria dizer mas não posso, ou ouvindo as músicas que poderiam dizer por mim, mas eu sempre fico bem. Choro um dia, em uma hora ou outra, ou em uma situação que me lembre algo, mas sempre passa. As coisas só existem pra nos fortificar e nos fazer indestrutíveis. Tenho medo de um dia me tornar forte demais ao ponto de não me comover nem mais com um abraço ou uma palavra que tanto queria ouvir. Vou ter medo de mim, eu sei, mas no fundo vou saber que, se eu realmente sentir, é porque é algo verdadeiro. Só que agora, no momento, a única verdade é que algumas doses, alguns cigarros e outras coisas mais, não estragariam tanto o meu corpo quanto o amor. 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Amor, na minha opinião, é, antes de qualquer coisa, uma amizade, porque sem amizade não haverá amor; é você estar ali para e pelo outro, sem cobrar e ficar feliz em ver que seus esforços foram suficientes. É ficar feliz por ver o outro feliz, mesmo que ele esteja feliz com outro alguém. É doar e dar tudo de si, ao máximo, e não esperar nada, a não ser a gratidão do outro. É perdoar mesmo que o outro te ofenda, machuque e magoe até o fim. É, mesmo depois do outro te desprezar, ignorar ou ser indiferente, ainda estar ali se importando e querendo cuidar dele. Só que isso geralmente nunca é recíproco e você acaba amando sozinho. Isto é o amor, o sentimento; agora o amor a dois é a mesma coisa, só que precisa ser recíproca, não na mesma intensidade, mas com os mesmos objetivos, porque amar sozinho é platônico demais.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Escrever pra não dizer

Eu que sempre tenho algo pra dizer, pela primeira vez nem sei reagir. Talvez eu não tenha mais nada pra dizer, por isso o silêncio. A verdade é que eu não tenho mais nada pra dizer, talvez tenha, mas não quero falar. Agora é a minha hora de ouvir, estou frágil demais pra dizer alguma coisa. O que acontece? Não sei, realmente não sei; talvez eu saiba e não queira dizer. Talvez eu seja e não quero admitir nem pra mim. 
E o sentimento que de tantos entre tantos, em muitos e vários, de muitos tempos, só tomam formas agora, e se misturam em meios, entre meios, tomam formas, e lágrimas, e medos, e assombros, e lamúrias, e raivas e torpor. É uma cadeia sentimental que eu perdi a chave do cadeado, grande, bem grande, por sinal. É tudo o que eu senti e neguei sentir e que desaba agora, por motivo que não sei. É tudo o que eu deveria ter chorado quando me machucou e eu não chorei, mas quero agora, mas sei que se chorar tudo isso não volto mais. É tudo o que eu deveria ter dito e guardei em mim ou fingi que nunca ouvi ou vi, ou senti, ou não sei, jamais quis parecer vulnerável à qualquer ação contra mim. É que eu sempre ri de qualquer coisa que quisesse me machucar querendo chorar por dentro. Hoje choro, me desabo, abro a represa, e dói. Não gosto de chorar, me sinto frágil, mas é melhor assim; é melhor chorar o que machuca na hora antes que se acumule e represe. Mas é agora que eu choro só em pensar, só de escrever, só de ouvir, de ver ou sentir, ou apenas pelo silêncio. Não, a pior parte é saber que eu não quero que ninguém saiba. Ou melhor, eu não quero dizer, já falei. Eu posso até escrever pra me sentir melhor, mas dizer eu não quero. 
E me olham como se eu fosse outra pessoa e perguntam "O que você tem?", e eu viro a cabeça, desvio o olhar, ou encaro e digo "Prefiro não comentar", "Sei lá, não sei explicar", e olho pro lado, e pego um trago, um gole e saio. Eu que nem fumo, mas trago só pra ter algo dentro de mim. Na verdade eu não quero mais nada dentro de mim, mas um trago, um gole, alguma substância só pra esquecer que o mundo é mundo e as pessoas são pessoas. E, sabe? Sabe aquele meio tempo que existe quando se expira o ar e não tem mais nada nos pulmões? É o meu tempo preferido. É tão leve sentir que não tem nem mais  ar dentro de si. Parece que às vezes até a respiração me pesa. 
Mas, eu sei, pra que tudo isso, não é? Parece um drama, um pedido de piedade, mas é só mais um nada entre tantos. Claro, ninguém se importa. Posso dizer do quanto me importei, do quanto me dediquei ou me dispus à ajudar alguém, e então, e agora, quem fará o mesmo por mim quando preciso? Pois é. Não que eu faça da minha boa vontade uma desculpa pra uma cobrança futura esperando o mesmo, longe disso; eu apenas espero que, ao menos, eu receba um pouco de gratidão e reconhecimento. E então, alguém já notou quantas e quantas vezes eu sempre estive, de alguma forma, à prontidão? E é por isso que eu digo que não quero dizer. Não quero dizer o que sinto pro primeiro idiota que fingir se importar e virar as costas e só dizer "Isso passa". Passa? Certo, cadê a novidade nisso? Eu quero que passe, vai passar, disso todos nós sabemos, mas enquanto não passa, eu vou ficar como? Vão me deixar, não vão me ouvir, nem ao menos se importar? Entende? É por isso que eu não quero dizer nada, absolutamente nada. Porque dizer é o mesmo que estar mostrando as defesas, e eu não quero que usem minhas defesas pra me atacar. Eu já confiei demais, eu já disse demais, eu já entreguei demais, agora só me resta algum receio de ver tudo isso contra mim. E é agora a parte que eu me fecho como antes na certeza de me defender do mundo. A minha vontade é de sentar em um canto e esquecer que o mundo é o lugar onde vivo ainda. Se é que eu vivo, porque já ouvi dizer "Parece que você não vive" ou então "O que você vai fazer da vida?" e veem um certo desprezo quando respondo "Nada" ou então "O que aparecer, eu faço". O que? Pra que tantas cobranças sociais e preocupações? "Desculpa sociedade"?, não, não mesmo, é a sociedade que me deve umas boas desculpas. 
E tem toda aquela cobrança de faculdade, trabalho, amigos e um parceiro do sexo oposto. Sexo oposto, aquele lixo. Mesmo sexo, uma decepção à cada dia. Da minha heterossexualidade só me resta ainda achar alguma beleza e não passar disso. Da minha homossexualidade ainda me resta alguma vontade, mas não vai passar disso. Eu até tenho uma certa vontade de ser como era antes: bem casual, bem "não me importo", ir ao ponto que interessa, sem sentimentos, mas não dá. Nada disso me preenche mais. Eu preciso é de ter alguém dentro de mim com todo o amor possível. Não dá mais pra me preencher com o vazio dos outros esperando que seja assim pra vida toda. Não, eu quero alguém pra mim, do meu lado, que eu possa simplesmente olhar sem tocar, tocar sem dizer, e se dizer que seja apenas com os olhos:Eu te amo. Eu quero alguém que esteja do meu lado mesmo sem estar, que me ame mas sem mencionar "amor", mas outras palavras ou um silêncio bonito, que deixe eu amar sem me assustar e que, se eu me assustar, apenas esteja pra mostrar que está ali. E que não me cobre nada do mesmo modo que não cobre também, mas que suporte as vezes em que eu pedir um abraço, um colo ou apenas  que me dê a mão. E eu vejo que vou acabar com um gato ou um cachorro dormindo nos meus pés daqui uns vinte anos.  E eu vou olhar pra cama vazia ao lado e pensar que eu amei demais e não souberam fazer o mesmo. É isso que dói, e dói bem. Dói você ouvir que a pessoa disse que te ama e em dias, cadê? Isso me confunde. Me confunde acreditar em algo que jamais quis acreditar ou sentir e agora tenho todo o desamparo. Amor pra mim vai acabar como religião: Acreditei um dia,  acabou e eu perdi a fé. E o pior é ouvir aquela mesma história "Você é muito pra mim, eu não mereço tanto", "Você merece coisa melhor que isso", porra! Se eu escolhi, se eu senti, se eu estou dizendo que é você, é porque é você. Eu nunca, eu jamais teria certeza que a pessoa que amo é a pessoa que eu quero. Eu jamais amaria alguém se soubesse que não é aquilo o que mereço. E pensando bem, talvez eu mereça mesmo todo esse desprezo, toda essa indiferença, tudo isso. Talvez eu mereça chorar à noite ou ficar vendo coisas que me machuquem. Talvez eu mereça mesmo que não se importe comigo, que não leia a maldita carta, que jamais que escreva uma, que jamais queira me ver e que  eu continue esperando que um dia reconheça o meu amor. Tem até um certo heroísmo em dizer que faço longas cartas que talvez nem sejam lidas ou guardadas, ou que nem tenham tanto valor. E a parte de saber que cada palavra saiu lá do fundo, com toda sinceridade, verdade e amor, e talvez nenhuma dela é valorizada. E a parte que machuca até me faz eu sentir uma certa importância, afinal, se tiram um tempo pra me machucar é porque eu ainda tenho alguma utilidade ou existência.  É, talvez eu mereça mesmo tudo isso. E a melhor parte é saber que tudo isso resolveu aparecer na mesma hora. É amor não recebido, é amigos dispersos, é gente partindo, é gente não se importando, é gente me cobrando, é gente me irritando, é gente querendo que eu seja gente. E tem toda essa parte acumulada; a parte de saber que já me trocaram por outro, por outra,  por qualquer coisa, por nada, ou simplesmente desprezaram. E eu fico pensando "E mereço mesmo tudo isso, não é?" e daí vem a outra pergunta "Mas o que eu fiz pra merecer tudo isso?". Acredite: não sei. 
E a parte de parecer que não tenho mais vida? Pois é. Ficar sem agasalho pra sentir o frio e pensar que ainda sinto sensações externas. E dá até aquela vontade de ter alguma dor física pra me distrair com a dor interna. Se cortar? É uma boa solução, pena que não gosto de cicatrizes. Eu jamais pensei que chegaria a esse ponto, jamais. Eu não sou doente, ou demente, não, eu só estou me assustando um pouco com o mundo. Eu deveria ter me assustado há alguns anos, mas eu sempre fiquei firme e forte enfrentando tudo e todos que me esqueci disso, e agora, agora que resolvi ter sentimentos, tudo anda desabando. Mas eu paro e penso  "Isso tudo é só pra eu ficar mais forte", e é. Só tenho medo de ficar pior. Pior que eu digo é ter mais orgulho, mais arrogância, me reter mais, bem mais e me prender no meu mundo. E eu tenho a sensação de que todo o mundo fica apostando qual será a minha próxima atitude e até onde eu vou conseguir ir. Eu estou tentando me manter forte pra decepcionar todos aqueles que estão esperando me ver cair. Não, eu vou tropeçar, mas cair não. Eu não caí antes, não vou jogar a armadura agora. A parte péssima é que eu estou perdendo a expressão. Parece que eu dizendo algo ou nada é a mesma coisa. O mesmo tom de voz, a mesma cara, a mesma coisa. Eu já tive bem mais espontaniedade. 
E eu nem sei porque estou escrevendo isso tudo. Pra me sentir melhor, talvez. Como fosse resolver alguma coisa. São tantas coisas, tantas coisas. Se fosse só uma coisa ou uma pessoa, mas não, parece que tudo, tudo de agora, tudo de antes, resolveu vir contra mim. Como dizem: vai passar. Vai, vai passar e eu vou ficar. Vou ficar firme e forte; só não sei se vou sentir como antes, ser como antes, agir como antes, amar como antes, dizer como antes ou ser como antes, não sei; não sei se estarei melhor ou pior, se vou me fechar mais ou dizer menos, ou ter mais expressão ou expressão alguma, se vou existir ou deixar de existir, não sei, só sei que das minhas cinzas, como sempre, eu vou me refazer. 


P.S: Meu pior texto.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu realmente quero

Eu lhe desejo, quero dizer, eu lhe desejo algumas coisas. Não lhe desejo nenhum mal, na verdade eu lhe desejo um mal necessário; necessário e suficiente apenas para que consiga identificar o que realmente lhe faz bem. Eu quero, de fato, que aprenda que bem e mal não existem, são apenas pontos de vista. Mas, de verdade, eu quero que aprenda a  dar valor no que te faz bem e que se livre do que te faz mal.
Eu quero tanto que você caia, mas eu quero que caia quando eu estiver com os pés no chão pra eu poder te mostrar que todo mundo se levanta. Eu quero que você caia, quebre a cara, escorregue, que te passem uma bela de uma rasteira, que tropece, que torça os pés, que caia de quatro, que quebre algumas costelas e que se levante. Eu quero que se levante e consiga subir alguns degraus, porque é esta a graça de se levantar. Eu quero que você caia pra poder crescer. Ninguém cresce deitado, ninguém cresce caído, mas alguém sempre cresce na queda. Não é mal o que lhe desejo, é apenas o necessário para o seu bem. 
Eu quero que você erre tanto a ponto de acreditar nos próprios erros. Você vai ver, é bom errar, mas é melhor ainda consertar e aprender. Eu quero que você erre tanto, mas tanto, que você vai ter tantas lições pra tirar dos seus deslizes. Você vai errar mas não vai desistir; você vai insistir até fazer o certo dar certo. 
Eu quero que você escute alguns "eu te amo", acredite em alguns, ou muitos, e descubra que foram todos falsos. É claro, você vai escutar o "eu te amo" certo, na hora certa, da pessoa certa, mas enquanto isso eu quero que se ilude com alguns, desacredite, e aprenda a não confiar em qualquer pessoa ou palavra que lhe tocar o sentimento. Na verdade, eu lhe desejo todo o sentimento, todo o amor que puder conseguir. Vai ser bom pra você ver quanto um "eu te amo" falso dói porque assim você vai aprender a nunca dizê-lo quando realmente não amar. Eu quero que você ame muito, de verdade, mas que esteja livre pra receber todo o amor que lhe oferecerem. Eu quero que você desacredite no amor por um tempo, mas que não desista, eu quero que você pense que tudo acabou, que está morrendo, só pra você poder ver quem sempre esteve e está do seu lado lhe desejando tudo isso e ainda te amando. 
Eu quero que você aprenda que amor não é estar do lado, junto ou dentro; que amor é mais que sentimento, paixão, contentamento ou desalento. Eu quero que você aprenda que amor é muito mais que querer, é querer a felicidade do outro mesmo que você não seja a causa desta. Eu quero que você aprenda que amar não é ter, é compartilhar mesmo sabendo que o que é seu vai ser seu. Eu quero que você aprenda que amor não se importa com a sua roupa, seu cabelo, seu dinheiro, só se importa com você. Eu quero que aprenda que amor não desiste, não se cansa, não se vai e, mesmo que você leve alguns desprezos ou indiferenças, não vai deixar isso abalar o amor. Eu quero que aprenda que amor não é ficar rastejando para que o outro te ame, mas que você receberá o amor verdadeiro na hora certa. Eu quero que você aprenda a identificar quem te ama de quem te deseja. Eu quero que você aprenda que amor não é dizer que ama, mas sim provar. Eu quero que você aprenda que quem te ama vai te amar de qualquer forma, de qualquer jeito, de qualquer humor, mesmo com o tempo ou a distância estando contra, quem te ama vai sempre te amar. Eu quero que você aprenda que o verdadeiro "eu te amo" é mais verdadeiro quando se torna um "eu amo você". 
Eu lhe desejo um pouco de fracasso também, só pra você fazer das suas cinzas um novo fogo. Eu lhe quero de fênix e que jamais se apague. Você vai ter o sucesso necessário, acredite, mas só o terá depois de algumas tentativas fracassadas, mas diantes destas você terá sua maior capacidade: a de jamais desistir. Você não vai perder a vitória que é sua. 
Eu lhe desejo lágrimas. Sim, quero que você chore bastante pra poder sorrir melhor que nunca. Eu quero que você chore pra dar valor em cada felicidade que lhe fizer sorrir. Mas eu lhe desejo tantas felicidades, pequenas, mínimas e eternas, que lhe façam olhar pro relógio, pra folha, pra foto, pra carta, ou pro nada, e ria de si, do mundo, da própria existência. Eu quero que você pare e fique onde está e ria por apenas estar neste momento imóvel. Eu quero que cada momento você saiba que é o único e faça de cada um mais um, mais um  especial. Eu quero que você saiba identificar, entre tantas coisas, tantas obrigações, correrias e desastres, que até mesmo uma única palavra contém a sua felicidade. 
Eu não quero que você perca nada. Não quero que você perca ninguém, ou nada, por mais que isto não esteja em minhas mãos, mas eu quero que aprenda a dar valor em cada segundo, cada grão, cada milímetro da sua e das outras existências. Você vai perder algumas coisas, algumas pessoas, mas mantenha em si o que tudo isso valia pra você, porque é o valor que importa, e não a existência. É claro que a existência tem lá a sua importância, mas diga, alguém que você amava se foi, e ele deixa de ser importante para você? Acredito que não. 
Eu lhe desejo força. Força interna, somente sua. É que na verdade você tem toda a força que puder ter, mas não sabe. Você verá, sua força aparecerá quando você realmente precisar, quando você acreditar não ter nada para combater. Você vai sentir a fraqueza do medo assolar seus ossos, mas aí vai perceber que a carne ainda tem as forças que estocou na alma. Você vai pensar que o chão é o seu lar, e então ele lhe dará duas opções: Ou deixar-se devorar por ele, ou se levantar e seguir. E você não vai querer se perder no chão, é fato, e então você vai encontrar a força suficiente para se reerguer. Você sabe andar com as próprias pernas e segurar com as próprias mãos, e também sabe amar com o próprio coração e pensar com o próprio pensamento, ou seja, você só precisa de você para ser você. 
É verdade que a maioria das pessoas só dão valor quando perdem, mas eu queria que você aprendesse antes de perder. Eu queria que você aprendesse a distinguir quem está do seu lado e quem está apenas querendo passar um tempo ao seu lado. Eu quero que você aprenda que um sorriso pode ser uma armadilha e que uma palavra, por mais bonita que seja, pode ser o seu maior horror. Todos vão te dizer as mentiras mais bonitas, talvez te agrade, mas você sabe lá no fundo que precisa da verdade inteiramente suja. Desculpa, mas eu não posso limpar a verdade antes de entregá-la a você, mas eu posso ajoelhas e limpas os seus pés sujos de lama. Eu posso ter toda compaixão para com você, mas você sabe que nem todos são assim. Acima de tudo, eu quero que você aprenda com tudo isso a ser um ser humano, a chegar no nível da compaixão e piedade. Quero que você aprenda a amar sem desejar, sem querer algo em troca, sem esperar a resposta e sem cobrar nada. Eu quero que você cresça em si e expanda pelo mundo e que, assim como eu, aqui e agora, deseje o mesmo que eu estou lhe desejando. E quero que jamais desacredite de si, porque você é você, os outros são os outros, e os outros estão preocupados com as suas vidas, querem acreditar neles mesmos, não em você. Quero que você faça a diferença, que se lembrem de você, que digam o seu nome quando se referirem à algo realmente lindo. 
Eu quero que saiba que eu lhe desejo todo o bem e o bom, e que saiba que, mesmo não tendo importância na sua vida, na sua existência, eu lhe ofereço o meu amor e a minha amizade. Aceite se quiser, mas se quiser jogar fora, acredite: Meu amor não é reciclável e minha compaixão não é paixão, é complacência, portanto, se um dia sair por aí vasculhando em procura do que desperdiçou, sinto muito, mas tive que repartir com outro alguém. Repartir, mas não partir, entenda. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Essas coisas

Parece que longe disso tudo aqui, (não tão longe, mas também não tão perto) algumas coisas, (não todas e nem poucas) estão melhores. Não digo que as coisas estão as melhores, mas apenas melhores. Quero dizer que, apenas pelo fato de as coisas estarem fora das minhas coordenadas terrestres, elas estão melhores. 
Não sei ao certo o que se passa, acho que nem quero saber, melhor deixar que fique como e onde está, mas digo, repito: melhor longe. É o meu afinco meio arrefecedor, um tanto persuasivo, pelo que se mantém além, além do meu alcance. Parece-me  que o que está perto, por excelência, já me promoveu o suficiente. Já me deu o que podia oferecer este quarto, talvez este lugar, amigo ou nome, vai saber, é difícil explicar. É que fica subentendido que, do que está perto, já tive tanta proximidade, que já quero distância.  
Mas as coisas, as coisas que longe disso tudo aqui estão melhores, são essas coisas que quero me aproximar. Parece que quando me afasto das coisas que me são próximas, elas melhoram. Quero dizer, não melhoram pra mim; o fato é que pelo ato de afastar-me  delas, me deixam em paz. É que eu enjoo fácil, apenas digo. Não enjoo quando é ótimo, apenas enjoo porque já não tem mais o que me oferecer, mas insisto, uma última chance antes de abandonar o que um dia me surpreendia. 
E, essas coisas, sabe? Essas coisas que não são nossas, são de outras pessoas querendo morar em nós ou apenas passar a noite, mas não passam, ficam, dormem e se hospedam. São essas coisas de outras pessoas que ficam em nós e, se a recusamos, somos frígidos, canalhas, sem o mínimo de altruísmo; é o que dizem de nós sem saber, porque se soubessem, entenderiam que temos é medo dessas coisas dos outros se apossarem das nossas. São essas coisas de outras pessoas que ficam em nós, e aceitamos, ficamos ciosos, e se  tornam nossas, por puro zelo, e aí ficam, e nos fazem parte do outro, dos outros, e já não se sabe mais se gosta ou desgosta, apenas fica e deixa porque teme mesmo é o silêncio de ficar sozinho. 
Essa coisa de ficar sozinho é coisa estranha, que nem sei se quero longe ou por perto. Ficar sozinho, por perto, é acordar tarde, comer qualquer porcaria e ser uma porcaria útil apenas a si. Ficar perto, bem longe, não sei, é complicado; ter alguém por perto, olhar pro outro e ver-se nos olhos dele o regozijo de existir e, em instantes, ver o carma que é ter que amar. Aquela coisa, sabe, do "ou oito ou oitenta"?  Não sei explicar, mas não é estranho quando alguém quer que, com ela, você seja "ou oito ou oitenta", mas com você ela fica em meios termos, sem notar? Ou nota, vai saber, nunca se sabe das notas alheias. É uma coisa muito radical isso aí de tudo ou nada, sim ou não, e deixam meios termos nas entrelinhas esquecidas. Mas, são apenas coisas, não tem muito o que questionar ou responder. 
Tem mais uma coisa que também é bem estranha: amar e afins. Não é estranho você gostar e continuar gostando de alguém que talvez nem goste tanto assim de você, enquanto há outro alguém que apenas não gosta de você, mas te ama? Não é estranho sofrer por alguém, sabendo que outro sofre por você, por te ver sofrer? Eu acho que seria mais fácil você comprar uma boa dose de orgulho, ser indiferente à quem nem se importa com você, e com o restante do dinheiro, comprar um passagem pra dar um abraço naquela pessoa que tanto te amou e te ama, apesar de tudo. Porque qualquer um te diria que você é linda, perfeita, maravilhosa, apenas na intenção de te ter, enquanto há alguém que te acha linda, mas apenas pede pra te deixar olhar. Porque qualquer um diria que seus olhos são lindos, mas não se importam com o que você enxerga, enquanto há alguém que te perguntaria: "Diga-me, meu amor, o que você tanto olha e te deixa tão exuberante só pelo olhar?". Porque qualquer um olharia o seu decote, sua roupa curta, só por cobiçar, por pura lascívia, enquanto há alguém que abaixaria os olhos para te respeitar. Porque qualquer um seria dócil e amável com você quando você precisar (por que não antes?), enquanto há alguém sempre zelando por você, mesmo quando você não precisa, e nem sabe. Porque qualquer um te pediria pra você passar quebrando os quadris à sua frente, enquanto alguém apenas quer te olhar, te ver passar, abaixar os olhos e suspirar. Porque qualquer um te queria sem roupa, na cama, enquanto alguém apenas queria te ver dormir, de longe. 
São essas coisas, sabe? Essas coisas que ficam perto do meu pensar e me assolam. Por isso digo: essas coisas longe, bem longe, estão melhor. Eu me afasto dessas coisas porque não quero pensar, mas só de pensar, vieram se aproximar. Mas, não sei, eu acho que essas coisas se ajustam, espera um tempo, passam, ou não passam, mas se ajustam. Eu espero, não é assim? Não é  o que dizem que quem ama espera? Confesso que tenho medo da eternidade, mas se esperar eternamente pelo amor for vantajoso, eu posso comprar umas coisas para não entediar?